Monumento a Carvalho Calero

Desde o passado 30 de Outubro, comemorando o dia do centenário do seu nascimento, a Alameda de Santiago de Compostela conta com uma bela estátua dedicada ao ilustre intelectual galeguista Ricardo Carvalho Calero. Era uma justa e merecida homenagem a um homem que trabalhou toda a vida de jeito incansável e determinante pela língua e cultura galegas, e que se fazia esperar. Por iniciativa da Fundação Meendinho e a generosidade de muitos seguidores e admiradores, mais que pelo apoio das instituições, puido-se conseguir este monumento, que lembrará para  sempre a sua figura e o seu pensamento. Agora falta que de uma vez Carvalho Calero poida ter o Dia das Letras Galegas que lhe deve corresponder.

O ferrolão Ricardo Carvalho Calero foi um dos mais grandes intelectuais da nossa história. Estudou a carreira de Filosofia e Letras e a de Direito, exercendo muitos anos como professor de secundária e logo de universidade. Na mocidade incorporou-se ao Seminário de Estudos Galegos e foi membro fundador do Partido Galeguista, chegando a participar na elaboração do Anteprojeto do Estatuto de Autonomia. Lutou como miliciano durante a guerra civil com o exército republicano, sendo no fim dela detido e padecendo anos de cárcere. O seu premiado romance Scórpio trata sobre esta época infausta.

Converteu-se posteriormente no maior investigador e erudito em temas de filologia e de literatura galegas. Chegou ser o primeiro catedrático de Linguística e de Literatura galegas da Universidade de Compostela. Além disso, cultivou com intensidade e éxito distintos géneros: ensaio, poesia, romance e teatro. Mas as obras mais destacáveis som as de temática linguística e literária, como a Gramática Elemental do Galego Comun e a monumental e imprescindível História da Literatura Galega Contemporánea.

Em 1979 presidiu a Comissão Linguística da Junta Pré-Autonómica, encarregada de elaborar umas normas ortográficas de consenso para a nossa língua. Estas normas forom anuladas em 1983 pelo governo de AP, imponhendo-se desde aquela um isolacionismo da variante galega a respeito do nosso idioma comum: o internacional galego-português. Este afastamento ortográfico dificulta muito a  conservação e o desenvolvemento da nossa língua, marginalizaçando-a e reduzindo-a no contexto estatal a uma condição de minoritária.

A escrita etimológica e o reintegracionismo com o Português já formarom parte desde antigo do ideário galeguista. Intelectuais tão sobranceiros como Murguia, Viqueira, Vilar Ponte e Castelao forom alguns dos seus defensores. Carvalho, com maiores estudos e conhecimentos filológicos, puido concretar estes dous objectivos.

Hoje o reintegracionismo, mália que se quixo condenar ao esquecimento, avança entre a mocidade mais concienciada com os problemas da língua. Carvalho, desde um compromisso absoluto com Galiza, tentou dar-lhe impulso e prestígio, integrando-a como a parte primigénia da língua internacional e intercontinental galego-portuguesa, a quinta do mundo pelo número de falantes. Algum dia não muito distante os galegos e galegas daram-se conta definitivamente do enorme potencial que têm a nossa língua.

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